Trajetória de Déda no cinema foi tema de mesa redonda

Cultura
08/03/2017 17h30

Considerado um dos maiores políticos de Sergipe das últimas décadas, o governador Marcelo Déda, falecido em dezembro de 2013, fez uma incursão pelo cinema na juventude, com gravações de curtas metragens e participações como ator em algumas produções. A obra dele está sendo homenageada pela Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju) na Semana Marcelo Déda de Cinema, aberta na terça-feira, 7, no Centro Cultural de Aracaju, como parte das comemorações do aniversário da capital.

A exibição dos curtas ‘Carro de Bois' e ‘São João: Povo em festa', e uma mesa redonda com a participação do presidente da Funcaju, Sílvio Santos, da professora e escritora, Beatriz Goiz Dantas, e do presidente do Instituto Marcelo Déda (IMD), Oliveira Júnior, marcaram a abertura do evento que prossegue até o dia 15 de março. No dia 11 será lançado o 1º Prêmio de Roteiro Marcelo Déda que destacará três trabalhos com R$ 2 mil. Déda também será homenageado com a mostra de fotografias ‘Semeando Sorrisos', da fotojornalista Janaína Santos. A exposição será aberta neste sábado, 11, quando ele completaria 57 anos .

Parceiro do então governador na vida pública e companheiro em uma amizade surgida na luta dos movimentos sociais, Sílvio Santos disse que a Aracaju deve homenagens a Déda, que por duas vezes foi prefeito da capital. "A obra de Marcelo Déda joga luz numa discussão sobre o que é esta cidade, como pensava, como funcionava a cabeça do homem que se tornou uma referência política em Sergipe. Ele era muito talentoso, tinha conhecimento universal das coisas", explicou Sílvio.

A professora Beatriz Góis Dantas abriu a mesa de debates mostrando o cenário que fez surgir várias produções cinematográficas no Estado, citando como exemplo o Festival Nacional de Cinema de Sergipe, o Fenaca, o Clube de Cinema de Sergipe, e especialmente o Festival de Arte de São Cristóvão (Fasc), alguns dos eventos idealizados pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) que fez surgir nomes como Marcelo Déda. "O Fasc teve uma grande influência no surgimento de várias produções e de nomes no cinema sergipano. Foi criado para ser uma festa temporária e se tornou um evento reflexivo", disse Beatriz.

Oliveira Júnior disse, durante o debate, que tudo começou no Colégio Atheneu Sergipense, quando ele e Marcelo Déda fundaram um clube de cinema, o Cineseas. A partir dali, além da amizade, se firmou uma parceria que resultou em várias produções. O presidente do Instituto Marcelo Déda (IMD) lembrou que o ex-governador fez desenhos, roteiros de curtas, poesias e participou de algumas produções como ator. "Ele também participou de algumas exposições de pintura com óleo sobre tela", observou.

O ativismo cultural de Déda, segundo Oliveira Júnior, acabou colaborando para o legado político do homem que virou prefeito da capital e governador do Estado. Segundo ele, produzir cinema naquele período autoritário, a década de 70, era complicado e caro, porque exigia muito conhecimento e recursos financeiros. "O cinema é como uma orquestra, precisávamos entender de luz, por exemplo, para poder usar a câmera Super Oito. Para nós, fazer filme, era dar voz ao povo".