Semasc realiza formações especiais sobre Direitos da Mulher e Empoderamento

Assistência Social e Cidadania
09/03/2017 21h27

Dando continuidade às ações em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc) realizará durante o mês de março uma série de palestras nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) de Aracaju. Tendo como temas o empoderamento feminino,  os direitos das mulheres,  o enfrentamento à violência e as potencialidades das comunidades, o evento reúne mulheres atendidas pelos equipamentos da Assistência Social do município. O público atendido pelo CRAS Antônio Valença, no bairro Farolândia, foi o primeiro a participar da formação na tarde desta quinta-feira, 9.

De acordo com a coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres, Maria Teles, é muito importante que as ações de enfrentamento à violência não aconteçam apenas no 8 de março, mas sim de forma continuada. "O trabalho que fizemos no Dia da Mulher foi muito importante e bonito, mas ainda não é o suficiente. Precisamos debater essas temáticas com a comunidade de forma contínua, para que elas saibam quais são os seus direitos e aonde podem procurar ajuda, caso precisem".

As ações desenvolvidas nos Centros de Referência têm um cunho educativo. Logo no início dos trabalhos as mulheres são instruídas a respeito da lei Maria da Penha, em quais casos ela se aplica e qual a forma de fazer valer o que diz a lei, na prática. Depois o grupo é dividido em dois e começam as oficinas de turbante e de maquiagem. Para finalizar, um grupo artístico da região onde o CRAS está instalado é escolhido para se apresentar, fazendo com que o fortalecimento de vínculos com a comunidade se estabeleça.

De acordo com a coordenadora de Igualdade Racial, Laila Oliveira, além de um trabalho lúdico, a oficina de turbantes traz um recorte racial ao trabalho que é importante ser pontuado. "A população que atendemos nos equipamentos é de maioria negra, como é a maioria da população aracajuana, e muitas dessas pessoas tem baixa autoestima, por isso a oficina de turbantes vem trazer um resgate para essas mulheres, provocar a resistência e o reconhecimento de si como indivíduo social".

Dona Hélia da Silva tem 72 anos e sofreu agressões do marido durante anos a fio. Ela contou um pouco do que passou e incentivou outras mulheres a denunciarem os agressores. "Desde o oitavo dia de casamento que ele começou a mostrar que não era o homem por quem eu me apaixonei. Ele começou falando de forma hostil e depois evoluiu para a agressão física e sexual. Eu nunca abaixei a minha cabeça pra ele, recorri à polícia, mas naquele tempo não existia uma lei que nos protegesse. Entrei em luta corporal com ele algumas vezes e o que eu posso dizer é que se existisse o CRAS eu não teria passado por tantas coisas ruins na minha vida. Hoje tenho orgulho de dizer que sobrevivi e incentivo todas as mulheres que sofrerem qualquer tipo de violência a darem parte do sujeito. Quem ama não machuca e se o parceiro não quer se enquadrar, Maria da Penha nele".