Prefeitura de Aracaju discute racismo em escolas da rede pública

Assistência Social e Cidadania
21/03/2017 17h35

Quantas cores pintam o imaginário de uma criança? Na escola municipal Florentino Menezes, uma nova aquarela foi tingida na mente dos alunos do 5º ano, através do Ciclo de Diálogos sobre a Eliminação da Desigualdade Racial. O evento, que firma uma parceria entre a Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc) e a Secretaria Municipal da Educação (Semed), marca o 21 de março, Dia do Enfrentamento à Desigualdade Racial.

Nas histórias em quadrinhos e desenhos animados pouco se percebe a presença de personagens negros em situações que não estejam ligadas à subserviência. Princesas então, nem pensar. Dessa forma, por falta de representatividade, meninas e meninos negros se reconhecem cada vez menos, não se entendem como parte importante das fábulas, e muito menos da vida real. É aí que a Semasc e Semed entram, desmistificando o ‘ser negro', levando a discussão da desigualdade para dentro da sala de aula, em uma linguagem adaptada para os pequenos.

Para Laila Oliveira, gerente de Igualdade Racial da Semasc, entrar no universo infantil para desconstruir o racismo arraigado na cultura brasileira é uma grande oportunidade. "É justamente nesse período da vida onde a gente forma a nossa identidade, constrói a nossa autoestima e descobre tantas coisas que o racismo precisa ser combatido. Precisamos discutir essas questões desde a infância", defende.

Maíra Cerqueira, coordenadora de Políticas Educacionais para a Diversidade da Semed, acredita que o 21 de março precisa entrar no calendário comemorativo das escolas, para que os alunos possam refletir sobre a discriminação racial. "Nós sabemos que, assim como a população aracajuana, os alunos da rede pública de ensino em Aracaju são negros e nós precisamos trabalhar para que eles se reconheçam, reconheçam seus pares e entendam que a quantidade de melanina na pele não define caráter, capacidade ou inteligência".

Durante a conversa foi exibido o curta-metragem ‘Lápis de Cor', de Larissa Santos, que questiona a representação racial no universo infantil. Logo após, os alunos fizeram desenhos de como eles se veem ou como gostariam de ser.

Jamile Martins tem 10 anos, é estudante do 5º ano do Florentino Menezes e disse que a conversa da equipe foi muito importante. "Vocês ensinam para aqueles alunos que são ousados a respeitarem o próximo. Uma vez eu estava sentada na minha mesa e um menino fez um desenho de uma bola preta, com olhos e boca, e disse que era eu. E isso fez com que eu me considerasse assim hoje e não como eu quero ser um dia. Esse desenho mostra como eu quero ser, uma menina feliz".  

O Ciclo de Diálogos ainda acontece em mais quatro escolas de Aracaju, até o dia 24 de março.