Apreensão de animais evita acidentes em Aracaju

Agência Aracaju de Notícias
30/03/2017 17h33

Os animais de médio e grande porte que transitam por vias públicas de Aracaju são apreendidos pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e cuidados em um curral mantido pela Empresa. Em sua maioria, são equinos e bovinos abandonados em áreas periféricas da cidade.

Somente em 2016, foram 1.300 animais apreendidos em Aracaju. Desses, cerca de 800 não foram procurados pelos proprietários e foram encaminhados para adoção. Em 2017, já somam 212 animais capturados e, no momento, o curral está abrigando cerca de 27, entre bovinos e equinos. O objetivo principal do serviço é evitar acidentes de trânsito e tem obtido êxito nos resultados. Até o momento, segundo a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), foi registrado apenas um acidente causado por animais na pista.

O diretor de espaços públicos e abastecimento (Direpa) da Emsurb, Ubiraci Rabelo, afirma que “esse trabalho é fundamental para evitar acidentes na cidade. Infelizmente, diante da crise, as pessoas estão soltando mais animais. Sem a apreensão, nós teríamos um número muito maior de acidentes. Para se ter uma ideia, na semana passada tinham três vacas soltas na avenida Heráclito Rollemberg, que é uma das avenidas mais movimentadas da cidade”.

De acordo com a lei municipal n° 2380, de 14 de maio de 1996, é proibido e será apreendido todo e qualquer animal solto nas vias e logradouros públicos e locais de livre acesso ao público. A legislação prevê ainda que o proprietário do animal está sujeito ao pagamento das despesas referentes à apreensão.

Apreensão

Após o recebimento da denúncia, a equipe do Setor de Apreensão de Animais (SAA) se dirige ao local. No resgate, além do animal, são colhidas informações de pessoas da região e cadastrados o local, data, horário e características do animal. Ao chegar no curral, são identificados com numeração e atendidos por médicos veterinários que fazem uma triagem e verificam as condições de saúde do animal, como peso, fratura, existência de parasitas, desidratação e doenças. A partir disso, são tratados conforme à necessidade de cada um, seja apenas com alimentação saudável ou, até mesmo, com medicamentos.

De acordo com o médico veterinário Iardlei Falcão, a grande maioria dos animais são de origem subnutrida, usados para tração animal, com fraturas, problemas articulares, feridas e escoriações, sem alimentação adequada, maltratados e traumatizados. “Temos farmácia, ambulatório e o que for preciso para suporte paliativo e emergencial. Como somos obrigados a entregar o animal ao dono mesmo estando doente, sempre fazemos um alerta e orientamos quanto aos cuidados que devem ter ”, explica o doutor.

Isael Freitas, conhecido carinhosamente como “brinquinho”, é funcionário da Emsurb há 30 anos. Desses, 20 anos são dedicados ao SAA, setor que começou a trabalhar como laçador de animais, passou a ser tratador e hoje é o coordenador. Para ele é uma satisfação imensa tirar os animais abandonados das ruas e, com isso, livrar a população de acidentes e mortes, além de fazer um bem enorme a eles.

“É bem cansativo, mas me sinto à vontade aqui. Foi o primeiro contato com animais de médio e grande porte e logo aprendi a gostar. Eles não têm culpa de estarem na rua e hoje eu os conheço muito bem, é preciso ter experiência no que fazemos e isso me ajuda muito. Na grande maioria dos casos, eu não preciso nem da ficha técnica para reconhecê-los porque a apreensão de alguns é recorrente”, justifica o coordenador.

Custos

Os proprietários têm até 15 dias para resgatar o animal, devendo obedecer às exigências de comprovação de propriedade e pagamento de diárias no valor de R$ 33,60 e multa, em caso de reincidência. Já aqueles que não são procurados pelos donos, ficam abertos à adoção. Para isso, o interessado deve comprovar que reside fora de Aracaju e que possui condições de cuidar do animal. Atualmente, o curral fica localizado na supervisão de apreensão de animais, no bairro 18 do Forte, próximo ao quartel 28 BC.

Vale ressaltar que esse serviço gera um custo ao Município, desde o veículo especial para apreensão, à manutenção do curral e dos animais. Afinal, cada um deles consome cerca de 90 kg de ração por mês e os caminhões boiadeiros utilizados para apreensão rodam cerca de seis mil quilômetros por mês.

“Começamos a aplicar a multa por reincidência porque percebemos que a recorrência estava muito alta. E é triste perceber que a grande maioria tinha sido realmente abandonada, tanto que o destino dos animais apreendidos é maior para adoção do que de volta para o proprietário”, completa Ubiraci.

A Direpa também recebe solicitações para recolhimento de animais mortos em locais públicos, que são encaminhadas para a Diretoria Operacional (Dirop), devido ao equipamento necessário. As denúncias podem ser realizadas 24h através do telefone (79) 98863-2153.