Contação de estórias incentiva a leitura de crianças na Assistência Social

Assistência Social e Cidadania
04/04/2017 14h55

Prender a atenção de uma criança em plena fase de crescimento não é uma das tarefas consideradas mais fáceis. Com a mente e o corpo em constante ebulição, tudo é urgente. Desde as tantas brincadeiras, às descobertas dos mistérios da vida em conjunto e do seu mundo particular. Mas, ao presenciar tantas delas sentadas, de olhos vidrados e acompanhando com encantamento cada palavra narrada, naquele lugar há uma certeza: uma boa estória está sendo ali contada.

Dentre as páginas do primeiro livro folheado pela educadora social do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) Benjamin Alves na manhã desta terça-feira, 4, a vida de um rei que fazia aniversário. O rei da selva. O Rei Leão e sua festa onde seu melhor amigo, o Caracol, era o convidado especial. Mas acabou sendo ignorado por todos os outros animais por ser tão pequeno e diferente. "Tia, no final o Rei mostra a todo mundo que o Caracol deve ser respeitado, né?", se pronunciou logo Samuel Maicon. Com apenas 13 anos, o menino apaixonado por livros tirou dessa lição um dos maiores ensinamentos dos últimos tempos: a bondade, o amor e a solidariedade.

Ansiosas, as crianças confessam: "Queremos mais uma estória!". E era uma vez um segundo livro aberto para contar a saga de uma Pretinha de Neve e os Sete Gigantes. Uma releitura do tradicional "Branca de Neve e os Sete Anões", só que desta vez tendo uma menina negra como personagem principal e sua busca por amigos longe do lugar frio, cheio de neve e solitário onde morava apenas com seus pais. Moral da estória? Há várias, mas as principais delas são: a diversidade, o respeito e a amizade.

Tímida, mas certa do que sabe, Gabrielle dos Santos, de 13 anos, é uma das grandes entusiastas das oficinas de leitura realizadas no Cras e não falta nenhum dia. "Quando eu ouço alguém lendo ou até quando eu mesma leio os livros, aprendo muita coisa. Por exemplo: já sofri muito bullying por me chamarem de ‘gordinha', até ler sobre isso e entender que eu sou diferente do padrão. Aqui no Cras as professoras sempre leem com a gente, estimulam muito. Eu levo os livros para casa e acabo incentivando a minha família também".

As práticas de contação de estórias estão dentro da grade de atividades desenvolvidas no Centro de Referência, mas se intensificam mais agora em abril, mês em que se comemora do Dia Nacional do Livro Infantil. De acordo com Iulná Almeida, é importante fomentar a leitura como ponto de partida para o discernimento e a vida em sociedade. "Diante da dinâmica familiar, isso não acontece. Os pais são muito atrelados aos afazeres domésticos e à rotina fora de casa, acabam não estimulando a leitura. A gente faz esse trabalho até para estimular o senso crítico e a partir daí gerar um novo conhecimento e uma nova maneira de pensar", explicou.