Prefeitura utiliza teatro como ferramenta de conscientização ambiental

Agência Aracaju de Notícias
06/04/2017 08h30

Uma das maiores preocupações dos últimos tempos é com o meio ambiente. Enquanto as principais potências mundiais discutem medidas para diminuir os impactos contra os diversos ecossistemas, outras pequenas-grandes ações têm como objetivo conscientizar, não só governos, mas a população em geral, dos prejuízos que a degradação do meio ambiente vem causando.

Uma dessas ações acontece em Aracaju, através do teatro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema) que procura, através do lúdico, fomentar a consciência de que cuidar do ambiente em que vivemos é uma tarefa de todos. Por meio da Coordenação de Educação Ambiental, um grupo composto por quatro estudantes de Artes Cênicas apresenta esquetes em eventos da secretaria, em escolas e instituições, a fim de disseminar a consciência ecológica em diversos grupos da sociedade.

A analista ambiental Raphaella Ribeiro é a responsável pela a Educação Ambiental na Sema. Para ela, o trabalho realizado pelo teatro é uma forma simples e direta de levar o conhecimento e fomentar a conscientização. “As pessoas são muito receptivas ao teatro, afinal, ele trata assuntos sérios de uma maneira mais simples, empregando o lúdico, a arte como caminho de esclarecimento”, disse.

Atuação
Iniciado em 2014, o teatro surgiu com vista na necessidade de fazer da Sema não somente um órgão fiscalizador, mas que, por ter o viés da preservação ambiental, também pudesse difundir na população a necessidade de unir forças para cuidar do meio que garante a sobrevivência humana.

À medida que as atividades do grupo acontecem, uma outra mentalidade passa a ser percebida durante as apresentações teatrais. “A arte tem uma facilidade muito grande de receber a aceitação das pessoas. Muitas vezes essas pessoas não percebem que estão fazendo parte de um importante processo de formação, mas, acabam adquirindo hábitos positivos depois que assistem às apresentações. Muitas vezes, elas fazem o papel de disseminadores, principalmente as crianças. Quando realizamos uma palestra, por exemplo, percebemos que o tema abordado não causa o mesmo efeito que o teatro. Por isso nos empenhamos tanto em fazer um bom trabalho, afinal, estamos cuidando da nossa cidade também”, ressaltou Raphaella.

Semanalmente, o grupo se reúne para debater as diretrizes de atuação e, o mais importante, de que forma podem trabalhar para fazer com o que os temas abordados passem a ser, de fato, reproduzidos pela população. Contando com profissionais da própria secretaria, os assuntos são estudados a fundo.“Observamos as ações de todos os setores para poder extrair algum tema relevante para passar por meio do teatro. Após as reuniões, o grupo avalia qual o público alvo, a faixa etária para, assim, formular o melhor tipo de abordagem teatral”, explicou a analista ambiental.

Há um ano e seis meses, Malu Andrade, de 24 anos, passou a fazer parte do grupo de teatro da Sema. Hoje, com uma mente muito mais aberta para as questões ambientais, ela se sente mais preparada para falar sobre o assunto e ser atuante na proteção ao meio ambiente. “Sinto-me uma facilitadora dessa vertente dentro do meu contexto. Hoje me sinto preparada para falar, escrever e disseminar a ideia da necessidade da proteção ambiental. De uma forma ou de outra, estou contribuindo para a melhoria do mundo em que vivo e isso me faz ter mais foco naquilo em que trabalho, afinal, estamos falando de vida”, ressaltou Malu.

Para a estudante de Teatro, por meio das apresentações, as pessoas conseguem identificar os equívocos que cometem diariamente. “Às vezes pensamos que determinada atitude que tivemos é bobagem, mas, vejo que as pessoas acabam percebendo que, na realidade, podem causar grandes estragos quando outras muitas pessoas têm a mesma atitude. Por isso acredito que o projeto da Sema só tem a contribuir para a conscientização”, reforçou a atriz.

Temas frequentes

Com atuação diversa, o teatro da Sema tem procurado focar nos assuntos mais preocupantes do momento, a questão dos resíduos sólidos e, consequentemente, a do mosquito Aedes aegypti, por exemplo. Dessa forma, os esquetes que duram entre 15 e 20 minutos, abordam esses temas da maneira mais sucinta e clara possível.

Só para ter uma ideia da importância de se tratar esses temas, vamos à realidade de Aracaju. De acordo com os últimos dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital sergipana possui 641.523 habitantes, estes estão divididos em cerca de 50 bairros pela cidade. Essa população, contudo, nos três primeiros meses de 2017, produziu aproximadamente 46 toneladas de lixo e outras cerca de 20 toneladas somente de entulho, fato que impacta, não somente a limpeza da cidade, mas, sobretudo a saúde.

Tendo essa realidade, outro fato vem à tona. O acúmulo de lixo e entulho facilita a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya, doenças que têm levado um número expressivo de aracajuanos aos postos de saúde e hospitais da cidade.

Segundo o último Informe Epidemiológico de Sergipe, divulgado no final do mês de março, neste ano, foram registrados três casos confirmados de zika, outros 22 de chikungunya e 54 de dengue. Se comparado aos dados de 2016, houve uma diminuição dos casos, mas ainda demanda atenção, sobretudo no período em que a incidência de chuva, comum no atual período do ano, contribui para o aparecimento de mosquitos.

É exatamente aí que entra, por exemplo, a Dona Zika, esquete do teatro da Sema que aborda justamente os cuidados que devemos ter em casa para não acumular água e, assim, evitar que surjam novos mosquitos.

“Com a Dona Zika, o mais conhecido dos nossos esquetes, falamos sobre o Aedes aegypti, mas, temos outras apresentações que tratam sobre o descarte correto dos resíduos sólidos. Percebemos que haviam muitas dúvidas nesses quesitos e procuramos fazer um trabalho a ponto de contribuir para a diminuição dos números negativos da nossa capital”, acrescentou Raphaella Ribeiro.

Solicitação do serviço

Instituições ou empresas que desejem contar com a apresentação do teatro podem entrar em contato através do emailasemaaju@gmail.com. Através dele, a Coordenação de Educação Ambiental poderá informar sobre dias e horários disponíveis.