100 dias sem parar: Funcaju movimenta a cena cultural da cidade

Cultura
10/04/2017 06h00

Mesmo com a crise financeira que se constitui o grande obstáculo de toda a administração municipal, a Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) conseguiu, nestes 100 dias, resgatar muito do que havia sido perdido nas questões de valorização e promoção da cultura. A fundação movimentou a cena cultural da cidade com vários eventos e deu início à execução de metas traçadas pelo prefeito Edvaldo Nogueira, a exemplo da retomada do Conselho Municipal de Cultura e a implantação do Fundo Municipal de Cultura. 

Sem verbas em caixa para investir no Carnaval, a Funcaju abriu espaço para um debate sobre uma das maiores festas do calendário. O Centro Cultural de Aracaju se vestiu de alegria para receber um público numeroso no I Simpósio de Carnaval de Aracaju. “O simpósio tratou do Carnaval da capital e sua composição”, explica o presidente da Funcaju, Sílvio Santos. O encontro mostrou como é feita a festa de Momo na cidade desde a década de 20 e serviu de oportunidade para ‘formatar’ um modelo de Carnaval. 

O aniversário de nascimento do governador e ex-prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, que faleceu em 2013, foi lembrado pela Funcaju, em parceria como Instituto Marcelo Déda (IMD), com a realização da Semana Marcelo Déda. Entre os dias 7 e 15 de março foram exibidos curtas sergipanos produzidos, roteirizados ou dirigidos por Déda. Além das exibições, realizadas na sala do Núcleo de Produção Audiovisual Orlando Vieira (NPD), ocorreu um debate sobre a produção audiovisual na década de 70, com a participação de Beatriz Goes Dantas, Floriano Santos Fonseca, Oliveira Junior e Sílvio Santos. A mostra integrou as comemorações do Aniversário de Aracaju.

Marcelo Déda também foi homenageado com uma exposição de fotos que conta sua trajetória política. A mostra “Semeando Sorrisos”, da fotojornalista Janaína Santos, que trabalhou cerca de dez anos com Déda, ficou em exposição ao público até o final do mês de março no Centro Cultural.

Aniversário de Aracaju

As comemorações dos 162 anos de Aracaju também foram marcadas pela mostra "Aracaju Como Eu Vejo”, com exibições de filmes de ficção e documentários. Um dos pontos altos da mostra foi a exibição do premiado ‘Câmara de Espelhos’, da cineasta pernambucana Déa Ferraz. A mostra aconteceu na sala de exibição do Centro Cultural de Aracaju, que recebeu também a mostra de fotografias ‘Bodegas de Aracaju’. Em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult), a fundação montou uma vasta programação no Parque da Sementeira no dia 17 de março, data em que se comemora o aniversário da capital.

‘Um passeio pela história de Aracaju’. A exposição instalada no Mirante da 13 de Julho, criou a oportunidade do aracajuano e os turistas conhecerem um pouco sobre a trajetória da cidade. O Mirante é um dos pontos turísticos mais visitados da capital, localizado na zona sul da capital próximo ao centro da cidade. Outras mostras também estão instaladas no local, a exemplo da exposição das bandeiras e os bonecos culturais. O aniversário de Aracaju também foi lembrado com uma jornada de estudos no Centro Cultural. A programação contou com palestras, mesa redonda, exposições e a exibição de documentários.

Núcleo de Produção Digital

O Núcleo de Produção Digital (NPD) Orlando Vieira retomou o seu lugar na cena audiovisual de Aracaju. A unidade da Funcaju procurou desenvolver um circuito de exibição com o propósito de servir como janela da produção local incluindo, nesta tarefa, o debate sobre os desafios para fomentar o audiovisual no estado. Neste âmbito, o NPD exibiu nos dois primeiros meses do ano mais de seis curtas e dois longas, que retratam aspectos culturais e históricos de Sergipe.

"O Núcleo de Produção é o exemplo do que representou a gestão de Edvaldo em Aracaju e o resultado da sua ausência nos quatro últimos anos. Na sua primeira gestão, ainda de 2006, o Núcleo virou uma referência nacional, com equipamentos de ponta e atividades que formou muita gente que hoje trabalha do mercado do audiovisual.  Nos últimos quatro anos em que Aracaju viveu um os seus piores capítulos, o Núcleo foi esvaziado, sucateado. Agora, estamos retomando o que o Núcleo representou para Aracaju", relata a coordenadora do NPD, Caroline Westrup.

De acordo com a coordenadora, o NPD atuou também firmando parcerias para ampliar a atuação do equipamento. Uma delas contempla o papel de formação desempenhado pela unidade, que é a parceria com o Sindicato de Jornalistas para a realização do curso de videografismo voltado para estudantes de Comunicação Social. 

Escola Valdice Teles
 
A Escola de Arte Valdice Teles também voltou a ser referência em Aracaju. No final de março, a unidade abriu as portas para receber os novos alunos, que cursam mais de 30 opções de cursos em diferentes horários. São atendidos por semestre, mais de 500 alunos, de diferentes faixas etárias: crianças, jovens, adultos e pessoas da melhor idade. 

Para a diretora da instituição, a missão social da escola é mostrar a arte para os alunos tornando-os seres mais sensíveis neste meio, ajudando muitas vezes a tirar jovens da marginalização. “Eu vejo a Escola Valdice Teles como um objeto transformador. Aqui os alunos passam grande parte de seu tempo praticando e conhecendo o mundo das artes. Isso muitas vezes ajuda a tirar as más influências que os levam para o mundo da marginalização”, complementou Giuliana Mara.
 
Política cultural

O presidente da Funcaju deu o pontapé para a retomada do Conselho Municipal de Cultura e montou uma equipe que elabora o planejamento estratégico das ações da Funcaju. Segundo ele, a retomada do conselho é uma dessas metas. “Outra ação que atende o programa de governo é a criação do Fundo de Cultura. A proposta está sendo costurada com a mesma equipe das ações estratégicas”, explica Sílvio Santos. 

A Funcaju está implementando ainda outras ações, a exemplo de exposições e oficinas, para ampliar o acesso às bibliotecas. Isso tem garantido mais público na Clodomir Silva e na Mário Cabral. A Escola de Artes Valdice Teles está expandindo os projetos de cobertura social, a exemplo do que atende 50 crianças e adolescentes do bairro Alto da Jaqueira.