Curso de Iniciação de Desenho Artístico atende jovens com deficiência

Cultura
17/04/2017 12h33

Limitação. Essa palavra não existe no repertório dos alunos do mais novo curso da Escola de Arte Valdice Teles, unidade da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju): Iniciação de Desenho Artístico. Cada traço, detalhe, são revelados no olhar de cada artista. Cada um, através de suas vivências, e de suas técnicas, produzem desenhos que impressionam.

O curso ofertado pela Escola Valdice Teles é formado por duas turmas e atende a cerca de 20 alunos. Na escola, encontram ainda mais inspiração para desenvolver seus trabalhos. “Meu filho desenha com os dedos dos pés. Ele já tinha essa prática em casa. Quando soube do curso, corri para que ele pudesse afinar suas técnicas. Encontramos na Valdice a oportunidade que precisávamos. A Prefeitura de Aracaju e a Funcaju estão de parabéns pela iniciativa”, relata Arlita de Oliveira Alves, artista educadora e mãe de Averaldo Júnior, jovem com deficiência.

O responsável por administrar as aulas é o artista plástico Pedro Boeira, que já participou de vários concursos com os seus quadros, sendo premiado em alguns deles, a exemplo do XXII Salão dos Novos, promovido pela Prefeitura de Aracaju (PMA), através da Galeria de Arte Álvaro Santos (GAAS). “É uma junção de sentimentos. A cada aula e a cada desenho, eu tenho aprendido muito com os meus alunos. Quando estou produzindo o material para aula já fico ansioso. Penso o ‘que será que está vindo por aí? Qual vai ser a surpresa de hoje?’. São verdadeiros artistas que estão se doando ainda mais ao mundo artístico, e nós só temos a ganhar com os seus trabalhos”, observa Pedro.

Inclusão Social

De acordo com a coordenadora da instituição, Giuliana Maria, o curso abre ainda mais espaço para os jovens que possuem algum tipo de deficiência. Com isso, reforça as políticas culturais da Funcaju, que é inserir esses jovens no mundo artístico, nas escolas e no convívio social. De acordo com a coordenadora da instituição, mostrar as possibilidades de cada aluno é uma das propostas da Escola de Arte. “Pretendemos expandir ainda mais esse nosso trabalho voltado aos jovens especiais. Queremos mostrar que eles também podem participar das nossas atividades”.

O curso, afirma o professor Pedro Boeira, é para todos que têm vontade de desenhar. “Costumo dizer que a vontade é um dom, e com ela podemos chegar muito longe, e vejo em cada olhar o quanto eles gostam do que fazem, eu me sinto honrado”.

Nas aulas a liberdade de expressão é respeitada. Os jovens mostram as suas intenções e o seu olhar artístico através de cada produção. “Eu lanço a ideia e eles têm a total liberdade para criar os seus trabalhos. Meu trabalho é orientá-los em relação às técnicas que podem ser utilizadas, mas sempre respeitando o espaço de cada um”, disse Boeira.

Oportunidade

Para Arlita Oliveira, o curso é uma grande oportunidade para a especialização das suas técnicas. “Além de aprender, eu posso ensinar. Como professora de arte, eu aproveito e passo o conteúdo das minhas aulas de desenho. E o melhor é que tudo é oferecido de forma gratuita”, acrescentou a artista educadora.
Segundo ele, o estilo de Averaldo é mais abstrato com traços mais soltos. “Ele é bastante exigente. Encontramos aqui um espaço para estudar e produzir de acordo com a nossa visão de mundo, e eu e meu filho temos total liberdade para produzirmos do nosso jeito, da nossa maneira”, explicou.


Susane Oliveira também buscou o curso para aperfeiçoar as suas técnicas. “Estou bastante satisfeita com o que tenho aprendido, além de exercitar o lado da sensibilidade. Confesso que estou um pouco neurótica, quero analisar as fórmulas de tudo em todos os lugares que ando, tem sido muito legal”, comentou a estudante.