Fatores naturais e acúmulo de lixo estão entre os motivos que provocam alagamentos

Obras e Urbanização
23/05/2017 16h25

Desde o último fim de semana, os índices pluviométricos em Aracaju estão acima da média de anos anteriores e com maior intensidade para esta época, o que tem provocado alagamentos. Além disso, informações emitidas pelo Centro de Hidrografia da Marinha indicam a ocorrência de ondas de até 2,5 m na tarde desta terça. Este fenômeno, conhecido como tábua de maré, significa que as variações da pressão atmosférica e alterações no regime de ventos aumentam o nível do mar. Com isso, além de dificultar a vazão das águas da rede de drenagem, o fenômeno provoca o movimento inverso, impelindo as águas marítimas para os canais de drenagem.

Para minimizar os transtornos provocados e atender as demandadas, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), montou um cronograma de trabalho que busca identificar os pontos de alagamentos e solucionar as demandas no menor período de tempo possível. A força tarefa criada pela Emurb para desobstruir a rede de drenagem vem trabalhando ininterruptamente e vai continuar até a noite.

Os principais corredores de trânsito e as áreas com histórico de problemas provocados pelas lâminas de água pluviais estão tendo prioridade e sendo atendidos imediatamente aos registros de alagamentos. "Estamos atentos e mobilizados por toda a cidade, inclusive na Zona de Expansão, executando procedimentos emergenciais", afirma Sérgio Ferrari, presidente do órgão municipal. Outra medida adotada foi a criação das equipes itinerantes, responsáveis por atender as urgências apontadas pela população.

Histórico

A capital sergipana está situada em uma região cercada de rios, banhada pelo mar e com formação geológica típica de áreas litorâneas. Estes fatores, somados à impermeabilização do solo de ruas e avenidas, acabam criando condições adversas ao regular deságue das águas pluviais do território urbano.

Quando administrou Aracaju pela primeira vez, Edvaldo Nogueira criou ‘Programa de Prevenção de Alagamentos', que promovia a limpeza do sistema de micro e macrodrenagem e preventivamente atuava na desobstrução das galerias pluviais em todos os bairros. À época, a medida foi fundamental para evitar desastres ou alagamentos em grandes proporções e importante pela amplitude e alcance.

Entretanto, entre 2013 e 2016, houve um período de regressão e inexistência de políticas públicas urbanizadoras que sequenciassem o trabalho do período anterior, o que comprometeu significativamente o trabalho, até então, desenvolvido e agravou problemas urbanos.

Falta de manutenção

Durante a gestão passada, a manutenção na rede de drenagem foi reduzida, e o que deveria ser um trabalho mantido ou até ampliado para evitar alagamentos, acabou negligenciado. Canais sem a devida manutenção, galerias pluviais obstruídas e as equipes que antes chegavam a 11, foram minguadas para quatro ou cinco.

Este somatório de eventos acabou estrangulando a capacidade de vazão da rede de drenagem e agora nestas chuvas, infelizmente, os aracajuanos sofrem pelo descaso. O caos administrativo herdado pela atual gestão está tendo incidência direta nos problemas desta semana.

Além disso, fatores naturais e geológicos também são responsáveis pela oscilação na rede de drenagem, ficando evidenciado principalmente em chuvas mais intensas. Isso interfere nas vias que estão nas proximidades de canais que sofrem a influência do fenômeno das marés. Um exemplo desse quadro são as avenidas Anísio Azevedo, Beira Mar e Francisco Porto. Quando o nível das águas está elevado, mesmo em dias de pouca chuva, pode haver a formação de pontos de alagamento.

Lixo

Embora esses fatores interfiram na configuração do sistema de drenagem da capital, em Aracaju o principal fator de acúmulo de águas nas vias é ainda o lixo jogado indevidamente nas ruas. Mesmo com o trabalho preventivo realizado pelo município, o lixo lançados nas ruas escorrem para as bocas de lobo, comprometendo a vazão das águas e, nos casos mais graves, interrompendo totalmente o fluxo nos tubos do sistema.