Semasc realiza campanha de conscientização contra o trabalho infantil

Assistência Social e Cidadania
12/06/2017 15h30

Em todo o país o trabalho infantil é explorado de maneira indiscriminada. Naturalizado culturalmente como a melhor forma de desviar jovens de todas as idades da criminalidade e do chamado "mundo das drogas" e ainda ajudar na renda do lar, é comum encontrá-los em semáforos, feiras livres, indústrias, lixões e até mesmo realizando atividades domésticas em casas de família como empregados domésticos.   

O dia 12 de junho é a data que marca o Dia de Enfrentamento ao Trabalho Infantil. E foi justamente com o objetivo de levar uma maior reflexão sobre a problemática do trabalho infantil para a sociedade, que a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc), realizou nesta segunda-feira, 12, uma ampla mobilização social. Nela, foram distribuídos panfletos explicativos e cataventos, símbolo de enfrentamento ao trabalho infantil, para motoristas e pedestres, com a finalidade de alertar acerca do tema. A intervenção aconteceu em vários pontos da cidade considerados como críticos e de grande movimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, a exemplo da rótula da Unidade de Saúde Sinhazinha, rótula do supermercado Pão de Açúcar, Terminal Rodoviário José Rollemberg Leite (rodoviária nova), rua Geru, avenida Visconde de Maracaju e rótula do cemitério São João Batista.

"Nós precisamos mudar essa cultura, pois na hora que se pensa que a criança pode trabalhar, se esquece que para isso quase sempre ela deixa de estudar e de brincar, prejudicando o seu pleno desenvolvimento. A sociedade precisa incorporar a consciência de que lugar de criança é na escola, mesmo com todas as dificuldades. Se nós incorporarmos o pensamento de que queremos que todas elas recebam educação de qualidade, vamos nos movimentando em favor disso e ampliando o combate ao trabalho infantil", explicou a vice-prefeita e secretária Municipal da Assistência Social e Cidadania, Eliane Aquino.

Para Eliane, ações integradas entre as diversas secretarias do município são primordiais para a realização de um trabalho bem sucedido. "Nós queremos fazer com que essa temática esteja sempre presente na sociedade, seja através dos equipamentos da Assistência, como os Cras, seja em parceria com todos os outros órgãos que possam vir a participar desse enfrentamento. Daqui pra frente estaremos nas ruas, nas escolas, nas unidades da assistência social. Começamos essa ação hoje e seguiremos até o final da nossa gestão."

À frente da Secretaria Municipal da Juventude e do Esporte, o secretário Jorge Araújo Filho falou sobre as ações desenvolvidas para a população em conjunto com a Assistência. "Estamos desenvolvendo diversos projetos e atividades voltados para as crianças e adolescentes, a fim de evitar que elas tenham sua mão de obra explorada. Por isso, além dos projetos, estamos saindo às ruas para conscientizar, difundir, chamar as pessoas e enfrentar esse problema de frente", explicou.

Dura realidade

Maria Lúcia é vendedora de doces em uma pequena banca localizada dentro do terminal Maracaju. Aos 59 anos, ela conta que antes dos dez anos de vida já trabalhava em atividades no campo, no interior de Sergipe. Atualmente, ela busca seu sustento como autônoma e luta para que seus filhos, ainda em idade escolar, não precisem vivenciar o que ela passou.

"Quando eu era pequena comecei plantando na roça, para ajudar os meus pais. Depois fui pros afazeres domésticos em casas de família. Casei cedo, tive sete filhos e apenas quatro deles estão vivos. O que eu quero para os meus filhos é que eles tenham uma vida digna. Deixar de estudar para trabalhar é o que não pode", ressaltou a vendedora.

A doméstica Patrícia Pereira, mãe de sete filhos, tem 50 anos e trabalha desde os 12. Por não querer para eles a realidade que passou, fez questão que todos se dedicassem aos estudos. "Eu não consegui estudar e quando pequena apanhei muito dos meus patrões quando era empregada doméstica, porque não sabia fazer nada. Eu perdi muita coisa e por isso não quero que meus filhos passem por isso."