Semana junina: Escolas municipais de Aracaju valorizam tradição com criatividade e alegria

Educação
22/06/2017 17h30

Muita gente guarda na memória e no álbum de fotos aqueles momentos em que participava dos festejos juninos na escolinha. Era a mãe remendando a roupa, de um lado e a criançada com muita ansiedade pela quadrilha de outro. Os passos ensaiados durante todo o mês, o cheiro das comidas típicas e as cores dos enfeites dos salões de apresentação registravam o momento que não saem das lembranças dos estudantes, das famílias e de toda a comunidade escolar.

É pensando nestas recordações que as escolas municipais de Aracaju estão realizando um mês ainda mais especial, cheio de histórias e bagagem cultural, oferecendo aos alunos apresentações juninas, atividades e projetos inusitados, enaltecendo a valorização das tradições nordestinas com muita alegria.

Que tal levar os alunos a conhecerem as canções de forró de artistas sergipanos? Uma gincana junina falando sobre as músicas e poesia de Dominguinhos? E o resgate daquelas brincadeiras populares de São João? A rede municipal está levando para a criançada a alegria típica do período e propiciando conhecimento, de forma lúdica e envolvente, momentos que certamente farão parte de suas memórias.

Na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Berenice Campos, cada objeto, todos feitos à mão, representam a cultura nordestina, como sanfonas, peneiras, brindes e enfeites, utilizados para incrementar as apresentações dos alunos e criar o clima junino na unidade de ensino. Meninos e meninas vestidos de quadrilheiros, comida típica e repertório nordestino deram o clima do ‘arraiá'. A diretora Raquel Silva destaca a importância do empenho de todos. ''Nossa festinha foi um sucesso total porque tivemos a participação de toda equipe das professoras, cuidadoras e funcionárias, que chegaram junto para confeccionarmos pastinhas, prendas, os adereços juninos, a decoração", conta.

Já a Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Profª Maria Givalda teve o ambiente da escola decorado com artigos criados pelas próprias crianças. A coordenadora pedagógica, Clariane Maria, diz que também foram realizadas brincadeiras populares e rodas de conversa. "O projeto foi planejado para ser trabalhado durante 15 dias este mês, conhecer a história dos santos padroeiros, proporcionamos a participação de várias brincadeiras. Tentamos conscientizar crianças e pais com relação aos seus perigos dos fogos de artifício, quais as formas corretas de manusear e os cuidados com as crianças', detalha a coordenadora.

Lembranças que marcam

Dona Neuza Maria é avó de David William, de 5 anos, aluno da Emei Maria Clara Machado. Ela se emociona ao relembrar a época em que vestia seus filhos de caipiras na época do São João e diz que estas festas juninas na escola também são importantes porque mais tarde as crianças vão poder reproduzir a tradição.

'Eu vestia minha filha e meus filhos para brincar festejar o São João e a gente saía por onde tinha arraiá em Aracaju. Era uma época muito boa, hoje eu olho as fotos e lembro que era todo mundo reunido, dançando forró e fazendo comida típica. Hoje eu vejo meu neto vestido de caipira, de matuto, e acho que no futuro ele vai ver as fotos dele aqui e nas festinhas da escola, vai ver como era e vai continuar nossa tradição. É o que eu espero', diz a avó.

São João diferenciado

Na Emei Maria Clara Machado, localizada no bairro Santos Dumont, por exemplo, o capricho para a tradicional festinha foi o que não faltou. A escola comemorou o São João com as crianças, na tarde do dia 21 de junho, na Associação de Cabos e Soldados da comunidade.

Com o tempo 'Sergipe é o Meu Lugar', a Emei realizou atividades que ofereçam às crianças o conhecimento e a valorização da cultura local. Em seu arraiá, a banda sergipana ‘Balança Eu' foi homenageada, através do projeto, e também animou estudantes, funcionários da escola e os pais, com seu forró pé-de-serra. Interações assim fazem com que os elementos da cultura sergipana e nordestina sejam preservados. O cantor da Balança Eu, Alberto Marcelino, explica a importância desta valorização cultural.

''Estamos muito gratos pela homenagem. O caminho para o futuro, a manutenção da cultura sergipana está justamente em você plantar a sementinha nas novas gerações, e é isto que vai perpetuar a nossa cultura, passar adiante a nossa música e fazer com que os artistas de hoje e do futuro sejam reconhecidos'', relata o forrozeiro.

Aprender brincando

No bairro Coroa do Meio, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Juscelino Kubitschek apostou em uma gincana cultural junina com o tema 'Os Sons e Os Versos de Dominguinhos'. O diretor adjunto da Emef, Claudio Bastos, explica que a gincana é uma oportunidade de resgatar os festejos tradicionais. ''Nosso projeto surgiu porque sabemos que há a necessidade de se valorizar a nossa identidade nordestina. Antes todos se envolviam na decoração, faziam brincadeiras e preparavam comidas típicas, diferente do modelo de festa atual, em quase valorizam mais os grandes shows'', menciona o diretor.

Quem participou da gincana mostra que oportunidades assim não somente enriquecem o conhecimento e a bagagem cultural, mas atribui, ainda, oportunidade de socialização e trabalho em equipe. É como conta o aluno participante da Gincana Junina da Juscelino Kubitschek, Felipe Ernandes, do 9º ano. ''Foi bom porque aprendi muitas coisas sobre a vida de Dominguinhos, tive contato com as músicas que ainda não conhecia. E bom também porque fiz novos amigos, ainda não conhecia todo mundo da escola, mas como eram quatro turmas numa equipe, tinha gente que eu ainda não conhecia e a gente foi discutindo os assuntos das tarefas e criando um novo círculo de amizade".