Criação de comunidade integra serviço de inteligência das Guardas de todo o estado

Agência Aracaju de Notícias
03/07/2017 13h20

A partir desta segunda-feira, 3, Guarda Municipal de Aracaju (GMA) passa a ser pioneira no Brasil a ter uma iniciativa baseada em ações internacionais. Com a Comunidade das Agências de Inteligência Municipais do Estado de Sergipe (Cagimes), cujo termo de criação foi assinado nesta manhã durante a aula inaugural do Curso Básico de Inteligência de Segurança Pública (CBISP), na Academia de Polícia de Sergipe (Acadepol), Aracaju e as demais cidades de Sergipe começam a compartilhar de um serviço de inteligência integrado que contribuirá para as atividades da Polícia Civil do estado. 

A comunidade tem como base o modelo americano de comunidade de inteligência, que se tornou uma tendência mundial após os atentados terroristas em 11 de setembro de 2001. Esse modelo visa o compartilhamento de informações que resultam em diagnósticos e prognósticos detalhados de situações de risco que possam afetar a sociedade.

O diretor-geral da GMA, subinspetor Fernando Mendonça, ressaltou uma questão importante para o trabalho. Segundo ele, há uma diferença entre investigação e inteligência. “A investigação é ligada à ocorrência de um crime, no caso, a polícia judiciária, a Polícia Civil ou a Polícia Federal fazem a investigação. A inteligência é totalmente diferente. Com ela, se consegue informações através de dados e através de situações que vão embasar os gestores máximos. E o que iremos fazer com essa integração das guardas é justamente auxiliar com informações conectadas”, explicou. 

Em Sergipe, somente as Guardas de Aracaju e de Nossa Senhora do Socorro possuem um serviço de inteligência próprio e, de acordo com o subinspetor, a ideia é aguçar nas demais cidades a necessidade da criação das inteligências para, assim, desenvolver o potencial de todas as Guardas unidas. “Em Aracaju, com o nosso serviço de inteligência, já temos contato direto com a SSP, com a Abin, e a intenção do curso é que isso se estenda por todo o estado, de forma que a criação dessa comunidade vai fazer que com todas as guardas troquem informações entre elas e, ao invés de a SSP, por exemplo, pedir informação para cada uma das guardas, pode recorrer diretamente à Cagimes”, ressaltou. 

O secretário municipal da Defesa Social, coronel Luis Fernando, salientou que a importância primordial da comunidade é justamente a troca de informações. “É de fundamental necessidade que haja o processamento dessas informações, abrangendo não só as Guardas Municipais, mas também as policias Civil e Militar, as Forças Armadas num compartilhamento de informações.  A gente sabe que a atividade de Segurança Pública enfrenta uma mobilidade do crime e esse compartilhamento que acontece em Capela, em Nossa Senhora do Socorro, por exemplo, pode auxiliar nas ações e para que possamos prevenir atividades criminosas”, frisou. 

O diretor da Academia de Polícia de Sergipe (Acadepol), João Batista, destacou que o fortalecimento da inteligência das forças de segurança do estado é um objetivo da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE). “Já tínhamos nos reunido com a Prefeitura de Aracaju para tratar sobre este assunto e a iniciativa é de extremo valor. Nossa ideia é manter as forças de segurança unidas e integradas e a GMA tem tido um importante papel, afinal, foi através de uma iniciativa dela que agora podemos fazer o que antes só estava nos planos. Não adianta apenas um lado fazer a sua parte, tem que haver essa conexão entre os órgãos”, disse João Batista. 

Ministrante da aula inaugural, o superintendente da Agência Brasileira de Inteligência em Sergipe (Abin), Juliano Souza Ribeiro, explanou sobre a história da inteligência a serviço da segurança e pontuou a necessidade da integração. “Eu considero fundamental qualquer grupo que compartilhe informações, principalmente quando essa informação tem origem confiável, como é o caso das Guardas. Com um grupo desse, teremos informações circulando pelo estado inteiro, através de pessoas bem treinadas, e isso tudo para atingir um bem comum que é justamente o fortalecimento da segurança pública”, considerou. 

Guardas presentes 

Durante a aula inaugural, que também serviu como momento da assinatura de criação da Cagimes, Guardas Municipais de diversas partes do estado se fizeram presentes, como passo primordial para o início das atividades.

Para Evilásio Protásio, comandante da Guarda de Nossa Senhora do Socorro, a comunidade será importante principalmente nos grandes eventos. “O crime está espalhado e, para controlá-lo, é preciso que os serviços de inteligência também estejam espalhados. Com essa comunidade, percebo também que o trabalho das Guardas passa a ser mais valorizado e com isso só quem ganha é a população, que será mais assistida”, destacou.

Em Propriá, onde a Guarda não possui um setor de inteligência, a criação da comunidade só vem a acrescentar. “Nosso serviços será ainda mais fortificado. Essa aproximação era justamente o que estava faltando às forças de segurança do estado. Por estarmos em um estado pequeno, acredito que temos todas as condições de desempenhar um bom trabalho e de excelência”, completou. 

Atualmente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as corporações da capital e do interior juntas somam cerca de 1.900 guardiões, o que representa a segunda maior força de segurança pública do estado, força essa que não apenas passa a se integrar, mas a se capacitar por meio do curso que iniciou nesta segunda e segue até a próxima sexta-feira, 7, com a participação de quase 100 pessoas.