Feira da Agricultura Familiar gera renda e muda vida de feirantes

Assistência Social e Cidadania
02/08/2017 13h03

Superação e melhoria de vida. Foi com este pensamento que a feirante Élida Rosa, natural do município sergipano de Areia Branca, decidiu mudar o rumo dos seus dias a partir da agricultura familiar. Ela, que participa da Feira da Agricultura Familiar, promovida pela Secretaria Municipal da Assistência Social na sede da Prefeitura de Aracaju, desde a sua primeira edição,  teve um início tímido, comercializando apenas hortaliças plantadas em um pequeno terreno da sogra. E foi a partir daí que “o gosto pela coisa”, como ela mesma diz, começou. 

“Eu comecei a frequentar este tipo de Feira da Agricultura Familiar há dez anos, a partir de um convite da Emdagro, para um evento de agricultores familiares. Levei produtos que tínhamos em nossa pequena roça, pouca coisa, vendi apenas 18 reais. Mas, para mim, foi como se eu tivesse vendido 18 mil, porque fiquei encantada. É que eu trabalhava em outras feiras normais e via que a gente passava o dia inteiro, com muita coisa, para não fazer quase nada no final do dia. Tinham ocasiões em que eu levava cestos e cestos e voltava com apenas quarenta reais no bolso”.

Para a primeira experiência, o pouco virou muito e o diferencial foi o grande incentivo do marido, dos filhos e da sogra, sendo esta última sua maior parceira. Desde a lida na terra, até a comercialização junto aos clientes. “A gente não plantava nada além de couve, coentro, cebolinha e salsa. Mas aí pensamos no diferencial e começamos a cultivar produtos diferentes como cebola, cenoura, beterraba, abobrinha, limão e berinjela. Então, a gente viu a importância da oportunidade que a agricultura familiar dá para pessoas como a gente. Você chega numa feira como essa e vê que além de saudáveis, os alimentos são bonitos e produzidos com o amor de quem semeia, colhe e com as próprias mãos vende para o cliente”.

De humilde vendedora a feirante empresária. Com a renda das feiras, Élida Rosa conseguiu criar os filhos, comprou mais alguns hectares de terra para crescer o negócio, adquiriu um automóvel e deu o pontapé inicial para a construção da casa própria.

“Hoje a nossa família está inteiramente envolvida e é com esse envolvimento que conseguimos pagar tudo: adubação, análise de solo e três trabalhadores que semanalmente vão nos ajudar. É da feira que, graças a Deus, eu consigo caminhar com os meus próprios pés. Não posso esquecer nunca de agradecer aos meus parentes, clientes e à chance que a vice-prefeita e secretária Eliane Aquino, além de toda a sua equipe, me deu de estar aqui hoje e desde a época em que ela era secretária no Estado.”  

Sem agrotóxicos e com preços acessíveis
 
Élida Rosa conta que ainda há um receio muito grande da população em geral com os produtos orgânicos, mas que nada tem a ver com a procedência e sim porque imaginam que os produtos são muito mais caros, o que não corresponde a realidade. “Eu trabalho de domingo a domingo, pois a roça não dá folga. Cuidar dos alimentos para que eles não morram e nem sofram com as pragas dá trabalho e tudo isso a gente tem que saber na hora de cobrar. Temos hora ‘roubada’ para comer, lavar roupa e fazer as coisas de casa. Nosso lar é a lida. Dez centavos, vinte centavos, pode fazer diferença para o consumidor, mas tudo é lábia, é conversa. Eu prefiro pensar que pra mim não faz, porque eu fidelizo o cliente e ele volta. Mas ele tem que entender que coisa boa é investimento, não um gasto”, conta. 

O engenheiro agrônomo da Assistência, Ivan Siqueira, considera que esse imaginário popular do produto orgânico com custo alto é apenas um mito construído. “O produto agroecológico, como é trabalhado por venda direta, tem a seguinte vantagem: quem possui esse produto é quem cultiva e vende, há um circuito menor e sem atravessadores. Portanto, o preço não varia tanto quanto as gôndolas dos supermercados ou feiras convencionais, com agrotóxicos. Exemplo disso é que em qualquer outro lugar o quilo do inhame está a R$ 7 reais, enquanto aqui está a R$ 6 reais”.

Ivan Siqueira ainda alerta para outro fator interessante. “Existe uma certificação chamada Organização de Controle Social (OCS) que permite que os produtores vendam de forma direta, não usem atravessadores e funciona através da autofiscalização. Assim se mantém a competitividade e a qualidade”, garante.