Assistência discute políticas públicas para mulheres em seminário promovido pela Alese

Assistência Social e Cidadania
23/11/2017 17h22

Buscando sempre provocar um olhar voltado para a intersetorialidade, a Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju participa nesta quarta e quinta-feira, 23 e 24, do “II Seminário Tecendo a Rede: Construindo caminhos para o enfrentamento da violência contra a mulher”, no auditório do Palácio de Justiça, por meio da iniciativa da Assembleia Legislativa de Sergipe, através da Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres.  O encontro tem como objetivo discutir sobre o acolhimento, de maneira integrada, à mulher que é vítima de violência, trabalhando a autoestima e a emancipação através do esforço conjunto entre os vários representantes do poder público.

A primeira edição do seminário aconteceu nos dias 30 e 31 de março, em alusão ao mês da mulher. Nesta segunda edição, o assunto volta à tona, com uma maior participação de diversos órgãos atores da rede de apoio. De acordo com a diretora de Direitos Humanos da Assistência, Lídia Anjos, esta é uma ação importante diante do crescimento dos casos de abuso e feminicídios. “Temos a preocupação de fomentar esta discussão para nos organizarmos pensando no fluxo de acolhimento, seja com políticas para quem é agredida, seja para o agressor, como forma de prevenir ou trazer este homem que está na ponta da estatística”, salientou.

Na oportunidade, a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria, Maria Teles dos Santos, falou sobre a necessidade do fortalecimento dos segmentos da rede. “Ainda temos dificuldade de colocar a intersetorialidade na prática. Então, estamos aqui para falar das nossas propostas, enquanto Assistência, para colocar estas mulheres em situação de violência como protagonistas do sistema. A porta de entrada para as denúncias de agressão não são necessariamente uma delegacia, podendo ser um Cras [Centro de Referência da Assistência Social] ou um Creas [Centro de Referência Especializado da Assistência Social]. Por isso é importante estarmos articulados lá na base, fortalecendo a concepção de que o trabalho intersetorial local é o alicerce para o empoderamento”.

Criada em outubro de 2015, a Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres, composta por 12 parlamentares, tem como objetivo sensibilizar agentes que desempenham ações na área. Para a presidente da Frente Parlamentar, a deputada estadual Goretti Reis, o seminário é uma forma de continuar o debate acerca do tema. “O que precisamos é consolidar e monitorar essa rede, para que a intimidação e o constrangimento relacionado ao gênero feminino desapareçam do que é entendido como normal e socialmente aceito”, destacou.

“Eu acredito que este é um momento desafiador. Todo o material teórico, com dados e levantamento de informações está disponível, mas agora precisamos da presença da sociedade. Significa dizer que, para além da adversidade, nós não estamos malhando em ferro frio. Estamos progredindo sim e avançando no compromisso que temos com a luta”, explicou a juíza da Vara da Mulher, Infância e Juventude do Tribunal da Justiça, Iracy Mangueira.

Superação

Danielle da Silva, microempresária, hoje com 26 anos e duas filhas, não se imaginava assim há cerca de três anos, quando denunciou o marido por agressão psicológica e física. “Meu marido tinha um ciúme violento, que chegava a ser doentio. Eu não podia falar com ninguém, me afastei da minha família e até deixei a faculdade de Serviço Social porque ele não queria que eu estudasse e ficasse mais inteligente do que ele. Até que um dia ele chegou às vias de fato e eu tive que denunciá-lo. Ele ficou preso, fomos a juízo e ele respondeu por todos os atos”, relatou.

Foi com a ajuda do Cras Santa Maria e do atendimento por ela recebido no equipamento, que tudo mudou. Danielle saiu do ciclo de agressões e virou a mulher da vida dela. “Estamos juntos novamente, mas ele pagou por tudo que fez e aprendeu a lição. Nunca mais tivemos desentendimentos por conta de ciúmes e hoje faço o que quero: trabalho, cuido de mim e da minha família. Prestei o ENEM este ano e não vou sossegar enquanto não passar, concluir meu curso de Direito e ir trabalhar numa Delegacia da Mulher. Assim vou poder usar minha história como exemplo. Nada disso seria possível se não fosse pelo Cras”.