Caps AD promove resgate social e combate às drogas

Saúde
21/01/2014 11h04

O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD III) é um serviço que tem por objetivo atender a pessoas em situação grave devido ao uso de drogas. Lá, os usuários têm atendimento e acompanhamento feito por uma equipe multiprofissional, além de diversas oficinas e atividades educativas e de entretenimento.

"Eu entrei no Caps devido ao vício no crack, vim para cá procurar tratamento para não perder o emprego, ressocializar com a minha família. Depois que eu cheguei aqui, há oito meses, a minha família está administrando melhor, eu estou administrando melhor, estou no trabalho ainda. Faz uma diferença grande", disse J., uma das pessoas beneficiadas pelo atendimento.

O Caps é um serviço de saúde mental e o que diferencia ele de outros lugares é que é um serviço de baixa a média exigência. A inserção do usuário no processo de cuidado não está atrelada a nenhuma pré-condição, por exemplo, ele não precisa estar em abstinência e nem almejar isso. "Por conta disso, temos uma porta de entrada muito maior", explicou o diretor do Centro, João Martins.

"A abstinência ou o fim do uso de drogas não é o objetivo principal. Não trabalhamos com a ideia de cura, mas a ideia de cuidado e autonomia. O Caps é um lugar onde as pessoas podem ser atendidas com qualidade, serem vistas como humanas e com todos os direitos que um cidadão tem", declarou João.

O diretor do Caps explica que essa população tem uma dificuldade de atendimento em outros espaços, que eles têm uma desorganização na vida, vínculos familiares e trabalhos prejudicados, e que alguns vivem em função da droga. "Então o trabalho desse serviço é poder inserir vírgulas na vida dessa pessoa, ela pode ser usuária de drogas, mas também pode ser outras coisas, pode ser pai, pode ser trabalhador, pode ser estudante. Caso as pessoas façam uso de drogas e não consigam interromper, elas têm um lugar que podem ter um cuidado", contou.

O primeiro atendimento pode ser feito de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 17h. Não há a necessidade de apresentar nenhum tipo de documento no começo, por ser um atendimento aberto e universal. "Cada pessoa que chega passa por uma primeira escuta, o acolhimento, e aí, se for para ficar, vai ser construído um plano terapêutico singular, que vai pensar desde que tipo de atividades essa pessoa vai se beneficiar, dentro e fora do serviço, até a quantidade de dias que ela vai comparecer e se vai necessitar de acolhimento noturno", explicou João.

Durante o período em que o usuário frequenta o centro, ele passa por um conjunto de atividades e oficinas. A equipe multiprofissional é composta por médico-clínico, psiquiatra, terapeuta ocupacional, enfermeiro, psicólogo, assistente social, professor de educação física, farmacêutico. Dentre as atividades do núcleo profissional, os dependentes passam por atendimento psicológico individual, orientação da assistência social, avaliação médico-clínica e acompanhamento psiquiátrico.

Atualmente, o Caps atende a 300 usuários, que comparecem ao centro com certa regularidade. Entretanto, a quantidade de pessoas cadastrados no serviço e que comparecem esporadicamente ultrapassas os cinco mil registros. A capacidade de atendimento do serviço é de 60 pessoas por turno e, nesses dias, tem sido atendidas aproximadamente 40 pessoas por dia.

Além disso, são realizadas oficinas de cunho educativo, profissionalizante ou apenas de entretenimento, como grupos de escuta psicológica, grupos de educação para a saúde, futsal, body boarding, artesanato, exercício psicomotores realizados no Parque dos Cajueiros, entre outros. Há também uma atividade em parceria com outro projeto da Prefeitura, o ‘Saúde na Praça'. Além disso, residentes de saúde mental fazem oferta de oficinas modulares, que duram de três a quatro meses. No momento, uma novidade é que o Caps está trabalhando com um grupo de família, que objetiva orientar os familiares dos dependentes. "As atividades não são fixas, a ideia é que haja um cardápio de oficinas que a gente vai mudando de acordo com as necessidades dos usuários e os profissionais disponíveis", notou João.

Para J., as oficinas são muito úteis e ajudam na socialização. "Ficar aqui sem nada para fazer não ajuda e quando tem oficina a gente se distrai, por isso elas são fundamentais. Faz a gente se conhecer, porque nós só conhecemos a questão da droga um do outro, mas aqui conhece como pessoa. Também distrai a mente para fugir do foco que é a dependência química", disse.

Desde abril do ano passado, o Caps começou a ter um atendimento 24 horas, o que ajudou bastante. "Faz a diferença poder contar com esse suporte 24 horas", explicou João. Além disso, eles estão ampliando a equipe de profissionais para poder ofertar mais atividades durante o final de semana.

"Esse serviço faz uma diferença imensa não só para mim, como para muitas pessoas aqui. Eu sei da experiência de um e de outro e não quero chegar ao fundo do poço que alguns aqui já chegaram. Serviu para que eu não chegasse lá. Eu refleti sobre onde isso iria me levar se eu continuasse nessa situação. Para mim fez diferença e ainda está fazendo", concluiu J.