Prefeitura apoia reciclagem de óleo caseiro no bairro Jabotiana

Agência Aracaju de Notícias
12/04/2017 09h55

Um litro de óleo jogado na pia da cozinha polui 20 mil litros da água de algum rio em Aracaju. Mas dois litros de óleo reciclados podem ser trocados por um pote de sabão em pasta, que será incluído em cada cesta básica doada às famílias carentes do bairro Jabotiana e adjacências. A radical diferença do destino e do resultado final deste resíduo caseiro é determinada pela decisão pessoal de cada cidadão.

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), tem apoiado iniciativas como a da ‘Sociedade Jabotiana Viva', que em 2014 criou o projeto Recicle Óleo, e desde então já recolheu com a ajuda dos moradores, 1563 litros de óleo de cozinha usado. Um ecoponto de coleta, localizado na Associação de Moradores do Sol Nascente/JK recebe as doações de segunda a sexta-feira, em horário comercial, e aos sábados das 8h às 12h. Não precisa ser morador da região para contribuir.

De acordo com o membro do movimento ambientalista, o professor Antônio Wanderley Corrêa, o projeto tem estimulado a comunidade a repensar o seu papel na preservação do "último bairro verde de Aracaju", pois, ao evitar o descarte do óleo na rede de esgoto, contribui com a despoluição do rio Poxim, que banha a região e mais sete bairros da capital sergipana. Cerca de 15% dos moradores da região colaboram, além dos restaurantes do bairro que já faziam a entrega diretamente à empresa recicladora do óleo.

Ainda segundo Antônio Corrêa, a parceria com o município surgiu para ir além da crítica. "A gente não quer só criticar os órgãos públicos, a gente quer também fazer a nossa parte. Pensamos em alguma coisa que pudéssemos reciclar e a imprensa noticiou, baseada em dados técnicos, que o rio Poxim é o mais poluído de Sergipe. Esse é o nosso rio. Com este sentimento, a gente pensou num meio de diminuir os índices de poluição. Pesquisamos e descobrimos a reciclagem de óleo, e queríamos levar a ideia para a comunidade guardar e reciclar o óleo saturado", explicou o professor.

O movimento ambientalista é um bom exemplo de que o cidadão consciente pode colaborar individual ou coletivamente para a melhoria da sua comunidade, cobrando e fiscalizando a prefeitura, mas não somente esperando a ação governamental. E os ganhos trazidos pela prática ambientalmente correta são amplos, pois além de evitar a poluição do rio, o óleo de cozinha quando jogado na pia pode causar ainda problemas domésticos, como o entupimento hidráulico.

Sustentabilidade

E no caso do Projeto Recicle Óleo, a iniciativa particular com a parceria da administração pública, no custeio da impressão dos panfletos e divulgação da iniciativa, tem colaborado também com quem mais precisa.  É o que explica Antônio Corrêa, no que ele denomina o tripé da sustentabilidade, que baseia toda a ação - ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo:

"O projeto Recicle Óleo Jabotiana contribui para que uma empresa tenha a matéria prima, que ela que recicla e gera emprego, paga impostos. Socialmente justo porque a gente contribui com a comunidade mais carente aqui da região, porque a cada dois litros de óleo recolhido pela empresa eles dão um pote de sabão em pasta e a gente repassa para duas instituições religiosas do bairro, que por sua vez colocam como mais um item na cesta básica que eles distribuem no Largo da Aparecida, Aloque, Várzea Grande, Estrada da Jabotiana. E do ponto de vista ambiental porque as pessoas deixam de descartar o óleo em qualquer lugar", descreve.

Outras parcerias

A Sociedade Jabotiana Viva já está envolvida em outras parcerias com a administração municipal, uma delas é integrada ao Plano de Arborização de Aracaju, com a indicação dos logradouros onde poderá ser feito o plantio de novas árvores. A outra medida, de iniciativa do grupo ambiental, pretende mobilizar novamente a comunidade, mas desta vez para a coleta seletiva dos resíduos sólidos.

"No ‘Recicle lixo Jabotiana' seria um trabalho só de divulgação da coleta seletiva. O nosso bairro foi um dos primeiros a receber a ação do município, isso em 2001, só que a gente percebe que a adesão é pequena. Na minha rua, por exemplo, são três pessoas numa rua com mais de vinte casas. A maioria não tem a cultura de separar o lixo seco do orgânico. Estamos produzindo um panfleto, já mostramos na Emsurb, discutimos os dados e aí iremos em busca de nova parceria para a impressão, porque cada membro do movimento contribui, mas é pouco e a gente consegue imprimir mil panfletos. Porém, em cada escola aqui são em média 300 estudantes, há uma estimativa de mais de 20 mil moradores no Jabotiana e adjacências, então precisamos de um número maior", informa o ambientalista.

Criado em janeiro de 2009, o Jabotiana Vida conta hoje com 13 membros. Segundo Wanderley não é hierarquizado, tem as funções definidas, mas não de mando e atua também na denúncia dos problemas ambientais do bairro, como devastação de mata ciliar, poluição do rio, avanço descontrolado de empreendimentos imobiliários, que provoca a impermeabilização do solo e causa a intensificação do trânsito e as inundações.