Prefeitura incentiva crianças à denúncia de agressores sexuais

Assistência Social e Cidadania
16/05/2017 18h02

Inocência roubada, medo de algo que não sabe exatamente o que é, culpa por algo que não fez.  Muitas sensações e sentimentos podem permear a mente de crianças e adolescentes que tiveram a triste marca do abuso sexual em suas vidas. E as marcas não saram, permanecem vivas. Para que essas memórias não façam parte do imaginário dos pequenos é que os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) da Semasc estão fazendo oficinas sobre violência e abuso sexual para as crianças dos colégios de seus territórios. A primeira delas aconteceu nesta terça, 16, na Escola Estadual Clodoaldo Alencar, no bairro Cidade Nova.

Atividades lúdicas para um assunto que é sério, árido, difícil de ser trabalhado. A vergonha de um toque não autorizado ou de um ato absolutamente desproporcional à ingenuidade dos infantes é uma das maiores barreiras enfrentadas pelos educadores para abordarem o assunto da agressão sexual. A coordenadora do Cras Risoleta Neves, Shaúna Freire, explica que para o tema ser tratado é necessária a utilização de artifícios relacionados ao universo das crianças.

"Nessas oficinas, primeiro nós passamos alguns desenhos animados que identificam o abuso e mostram como as crianças podem agir em momentos de risco. Depois nós fazemos uma dinâmica para que elas falem em quais locais do corpo delas as pessoas podem tocar e quais são proibidos, usamos a analogia de sinal verde, amarelo e vermelho para deixar a atividade mais interativa. A nossa intenção é informar as crianças sobre a violência, que é silenciosa e que por muitas vezes confundem o que é um carinho e o que é um toque libidinoso. Nós queremos alertá-las sobre essa questão para que saibam como se defender e buscar ajuda".

Segundo dados do Disque 100, mais de 17,5 mil crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violência sexual no Brasil, em 2015. Mas esses dados ainda não são precisos, porque o número de crianças e adolescentes que não falam sobre a violência sofrida também é muito alto.  

Segundo a professora Geovanine Oliveira, essas oficinas são muito relevantes para os alunos porque muitos deles já têm histórico de violência. "Eu trabalho aqui já faz sete anos e pude acompanhar alguns casos dessas crianças. É muito importante que eles aprendam como denunciar".

Emilly Vitória da Cruz tem nove anos e prestou máxima atenção durante toda a oficina. "Eu aprendi que a gente não deve aceitar nada de estranhos e que se a gente se sentir mal quando uma pessoa chega perto é preciso se afastar. Nunca aconteceu nada disso comigo, mas agora eu já estou mais esperta pra sempre contar para o meu pai, para minha mãe e para a professora".

Os Cras e Creas realizam essa e outras oficinas diariamente em seus equipamentos, mas estão em caráter itinerante, chegando até as escolas, em alusão ao 18 de maio, Dia Nacional de Combate a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.