Prefeitura oferece tratamento para o tabagismo

Agência Aracaju de Notícias
05/06/2017 17h00

“Uma doença crônica, que é tratável e curável. Se um dia o indivíduo começou a fumar por escolha, parar é por falta de escolha”. É assim que a médica Ana Paula Argôlo, pneumologista do Programa Pare de Fumar em Aracaju, descreve o tabagismo. Apesar de ser considerada a segunda capital que menos fuma, 6,6% da população aracajuana ainda é fumante.

Esse dado se torna relevante quando levamos em consideração os malefícios que o cigarro pode causar, como, por exemplo, problemas cardiovasculares, respiratórios e câncer. De acordo com a pneumologista, “além de prevenir essas doenças, que são consequências do cigarro, parar de fumar já é tratar uma doença. E por ser uma doença, tem tratamento e é assim que deve ser conduzida”.

O auxílio para largar o vício é um serviço oferecido pela Prefeitura de Aracaju no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar), no conjunto Augusto Franco, faz parte Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde. Para ter acesso ao programa é necessário apenas o cartão do SUS e um documento de identificação. A procura é totalmente espontânea, não precisa de encaminhamento médico e pode ser realizada de segunda a sexta-feira à tarde. Em Aracaju, o serviço também é disponibilizado gratuitamente no Hospital Universitário (HU).

Tratamento

Nesse primeiro momento, o fumante é atendido por uma das quatro especialidades de profissionais que compõem a equipe (pneumologista, enfermeira, psicóloga e assistente social) para uma entrevista motivacional. A partir disso, a pessoa é inserida ao programa e aguarda a formação de grupos de atendimento, que possuem uma média de 15 participantes.

Um grupo dura cerca de oito semanas com reuniões semanais e um ano com encontros mensais de manutenção. “Afinal, existem dois grandes desafios: o primeiro é parar e o segundo é continuar sem fumar. Então, nós oportunizamos esses encontros de manutenção, tendo em vista que a maior parte das recaídas acontecem no primeiro ano que a pessoa fica sem fumar”, explica a médica.

Nos encontros são realizadas abordagens cognitiva-comportamentais, onde a equipe técnica oferece informações e estratégias para êxito do tratamento, assim como ouve os aspectos individuais dos pacientes. Também existe a troca de informações entre os fumantes, em um momento em que eles têm a oportunidade de aprender e compartilhar experiências. Além disso, todos os pacientes contam com o apoio da medicação oferecida pelo programa.

“Na minha concepção, o grupo terapêutico é muito superior a qualquer tipo de tratamento. Acreditamos que o remédio é um apoio importante para amenizar o desconforto físico da abstinência ao tabaco. É importante que as pessoas também tratem hábitos, comportamentos e condicionamentos”, afirma.

Parar de fumar

Largar o vício não é uma tarefa fácil. É o que comprova Edenilze Carvalho, que fumou durante 36 anos e está participando do programa pela segunda vez. “Tive uma recaída após o outro tratamento, mas dessa vez é para não voltar mais. O tratamento é ótimo, mas parar de fumar é muito difícil, depende de vários fatores. Estou aqui mais uma vez para ter o acompanhamento da equipe, sem isso seria ainda mais complexo”, afirma.

A consciência e a força de vontade para ter uma vida mais saudável são as motivações de dona Edenilze. “Ainda não tive nenhum problema de saúde em decorrência do fumo, mas sei que o cigarro acaba com a nossa saúde. A partir de agora quero ter uma nova vida, fazer exercícios físicos e me alimentar melhor”.

Aos 59 anos, a dona de casa Maria Farias de Andrade, fumante desde os 11, procurou o serviço por perceber que, além da própria saúde, também estava prejudicando os familiares. “Meus filhos e netos reclamavam muito comigo, mas eu nunca tinha tentado parar de fumar. Comecei fumando cigarro de mamona escondido dos meus pais, acabei me viciando e não parei mais. Mas agora tudo vai mudar, dizem que é maravilhoso. Quero ter uma vida melhor, quem deixa de fumar não é mais a mesma pessoa”, ressalta.