Projeto “Folha, Flor e Fruto” muda a vida de alunos da EMEF Freitas Brandão

Educação
28/06/2017 07h37

Uma terça-feira como outra qualquer na qual meninas e meninos de 12 a 17 anos, cursando do 6º ao 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Freitas Brandão assistiam suas aulas normalmente. Mas nesse dia 27, as duas últimas aulas foram substituídas por uma apresentação teatral seguida de um debate, ambos realizados pelos próprios alunos. O assunto tratado: sexualidade e gravidez na adolescência. A ação educativa faz parte do encerramento do projeto da Coordenadoria de Artes (Coarte) da Secretaria Municipal da Educação de Aracaju (Semed) chamado “Folha, Flor e Fruto”.

Quem explicou o que estava acontecendo foi a estudante do 8º ano Joyce Vitória, com apenas 13 anos, ela falou com propriedade sobre a importância de se discutir sexualidade e gravidez precoce. “O projeto começou mudando a minha vida em casa, com meus pais, a gente vem conversando sobre essas questões aqui na escola e vem trabalhando a temática junto com a oficina de teatro. Então nas oficinas eu consegui falar sobre coisas que eu antes tinha vergonha, trocamos informações com os colegas, fomos esclarecidos e isso me deu coragem para falar sobre essas questões com meus pais em casa e foi muito importante porque mudou a minha relação com eles para muito melhor, hoje estamos bem mais próximos”, informa Joyce.

Keyla Kérzia também tem 13 anos, é aluna do 9º ano e com segurança explicou que nunca teve abertura para falar com seus pais sobre sexo e gravidez, mas depois do projeto a relação com a sua mãe melhorou muito. “Eu que puxei o assunto em casa e tive uma conversa bem longa com a minha mãe, a gente até ficou mais amiga, antes não tínhamos uma comunhão como estamos tendo agora”, fala Keyla.

O aluno do 8º ano, Ítalo José, 17 anos, também fez questão de fazer as suas considerações sobre o projeto. “Antes eu achava que sexo era só fazer e pronto, mas o projeto nos levou a pensar sobre as responsabilidades que envolvem esse ato, como o uso da camisinha, o respeito à mulher, a prevenção de gravidez, eu mesmo não tenho estrutura nenhuma para ter um filho”, pondera o aluno.

A diretora da escola, Vilse Maria Gonçalo, contou que o índice de gravidez na adolescência na escola estava preocupante, então ela resolveu levar o assunto para a Direção de Educação da Semed que encaminhou a Coarte para trabalhar junto aos adolescentes o assunto. Vilse se disse “encantada com o projeto”. “As falas dos alunos estão mais maduras, a gente sente que o emocional deles também mudou muito, o projeto superou e muito as nossas expectativas e foi para dentro da casa desses meninos”, analisa a diretora.

O projeto

Desde o mês de maio, os instrutores de teatro da Semed, Lucas Wendell e Felipe dos Santos estão realizando oficinas de teatro em torno da mesma temática: sexualidade e gravidez precoce. O trabalho teatral foi construído a partir da realidade da comunidade escolar, os próprios alunos fizeram pesquisa com pessoas que engravidaram de forma precoce e a partir daí eles escreveram juntos os textos utilizados.

Lucas explicou que essa participação ativa deles em todo o processo foi fundamental para o engajamento da escola. “Nós trabalhamos a confiança neles mesmos, nós resgatamos a história de pessoas que eles conhecem, nós trabalhamos técnicas de relaxamento, nós estimulamos o debate sobre coisas que eles próprios diziam ter dificuldade de falar, de perguntar, então o resultado foi muito bom, vimos os alunos totalmente engajados com o projeto”, afirma o instrutor.