Cuidadoras de creches municipais são exemplos de carinho e dedicação

Agência Aracaju de Notícias
08/10/2017 10h25

"Muitas vezes, quando eu estou na minha casa, fico pensando em como estão as crianças. Não tem como não pensar. É como se as adotássemos em nossos corações". A fala da cuidadora Virgínia Nascimento, de 35 anos, representa tantas outras que, como ela, dedicam seus dias a cuidar de crianças nas creches ou escolas municipais de Ensino Infantil (Emei) de Aracaju.

Não é preciso ser mãe para saber que cuidar de criança não é uma tarefa fácil. É uma responsabilidade que exige muito cuidado, atenção e, sobretudo, altruísmo. Carregadas dessas especificidades que as cuidadoras saem de suas casas diariamente e se dirigem às unidades municipais para zelar por crianças de cinco meses a seis anos de idade. Atualmente, a rede municipal conta com 150 cuidadoras divididas em 29 unidades.

O trabalho começa antes mesmo das 7h. Ao receberem as crianças, todos os cuidados começam a ser dados no primeiro instante do contato, seja com um abraço acolhedor, com um beijo na bochecha ou aquele "bom dia" carregado de delicadeza. Assim que as crianças chegam, as cuidadoras trocam as roupinhas, servem o café da manhã reforçado e seguem com atividades pedagógicas. "Hoje temos um caderninho em que as cuidadoras anotam tudo sobre a criança, se ela chegou com algum machucado de casa, se apresentava algum sinal de gripe, alergia, enfim, cada detalhe é observado, até mesmo para que possamos dar uma satisfação aos pais", explicou a coordenadora da Emei Fernando Guedes, Rita Matos.

É uma rotina que requer muita atenção e, mais do que isso, uma dedicação que só quem tem o dom de cuidar pode oferecer. Como é o caso de Virgínia, que tem uma filha de nove anos e afirma que foi por gostar tanto de criança que decidiu ser cuidadora e hoje cuida dos bebês na Emei em que trabalha. "Sou pedagoga por formação e sempre tive aptidão para trabalhar com criança. Já trabalhei como professora, mas, estar com os bebês me realiza. Aqui nossa atenção é totalmente voltada para eles. Estou há dez meses como cuidadora e isso só aflorou a minha sensibilidade com criança. Às vezes minhas colegas me dizem que eu paparico demais, mas procuro dar a eles o carinho que sempre dei a minha filha", contou a cuidadora.

Assim como Virgínia, Tatiane Monteiro, de 30 anos, também passa o dia com pequeninos que ainda necessitam do colo para se locomoverem. É entre canções de ninar e perninhas engatinhando que ela diz encontrar ensinamentos. "Lidar com criança é um aprendizado diário, sem dúvida. É uma responsabilidade muito grande porque não são nossos filhos, mas, todas as vezes que chego ao trabalho recebo tanto carinho que até esqueço os problemas. Quando um deles fica doente, é como se eu sentisse que é com um filho meu", afirmou, enquanto colocava um dos pequenos para dormir.

Ivaneide dos Santos, de 35 anos, ainda carrega o sonho de ser mãe e dedica o tempo que tem para compartilhar o carinho que guarda. "Não nego que é um trabalho difícil, já que cuidamos dos filhos de outras pessoas e temos a responsabilidade de entregá-los bem aos pais, mas, cada minuto que passo com eles vale muito apena. A inocência das crianças me encanta porque a gente passa a acreditar que tudo é maravilhoso, que não há problemas no mundo. É assim que eles enxergam as coisas, como se tudo fosse perfeito e aprendo muito com isso. Fico imaginando o futuro e todos eles me reconhecendo. Quero poder fazer parte da vida dessas crianças", desabafou.

Alimentação do corpo e da alma

Os cuidados dados a cada uma das crianças seguem um padrão exigente de qualidade de afeto e altas doses de carinho, mas, para que esses cuidados que alimentam a alma sejam mais aproveitados, outros também precisam fazer parte da rotina, principalmente os que nutrem o corpo.

"As cuidadoras seguem uma rotina para tratar da alimentação das crianças. O cardápio é feito por uma nutricionista, mas são as cuidadoras que se atentam para que a alimentação seja realizada no horário certo", contou Rita Matos.

Assim, às 7h acontece o desjejum, às 9h o lanche da manhã, às 10h começa o horário dos banhos e às 11h o almoço começa a ser servido. Pela tarde, a rotina continua depois do soninho pós-almoço. Às 14h30, após um lanche, os pequenos trocam de roupa e esperam pelos pais, que começam a chegar a partir das 16h30.

"Além de ser extremamente importante para o desenvolvimento das crianças, a alimentação também é uma relação entre as cuidadoras e elas, então, é um momento em que a troca de cuidados é muito intensa e os pequenos se sentem, de fato, acolhidos", destacou a coordenadora Rita Matos.